segunda-feira, 23 de junho de 2014

Você é a Luz

Desde tempos imemoriais os contos de fadas estão presentes em diversas culturas e povos. O que se expressa não é aquilo que pode atingir o homem numa situação específica da vida, não é um círculo limitado da vivência humana, e sim algo tão profundo, nas vivências da alma humana, que passa a ser comum a toda humanidade.

Aquilo que é incompreensível ao intelecto, expressa-se naturalmente na atmosfera simples e primária dos contos de fadas. Também compreendemos por que, depois do que a cultura do intelecto tanto fez, durante séculos, para afastar a alma do homem e da criança dos contos de fadas, as coletâneas como as dos irmãos Grimm foram tão bem recebidas por todas as pessoas sensíveis a essas coisas e se tornaram novamente um bem comum.

O filme enrolados trouxe uma versão bem interessante do Conto Rapunzel. Desde a primeira frase, percebemos um elemento gnóstico: “Esta é a história de como eu morri, mas não é sobre mim e sim sobre uma garota” chamada Rapunzel.

Essa é a primeira frase dita por um narrador, que no caso também é uma personagem, o “ladrão” Flinn Ryder, que na verdade se chama José Bezerra. Ele caracteriza o homem personalidade, àquele que acompanha Rapunzel - a alma, a filha do Rei - em suas aventuras até descobrir sua verdadeira origem.

Rapunzel sempre via as luzes que aparecem no dia do seu aniversário – as lanternas acesas e lançadas em uma triste homenagem à princesa desaparecida. E uma grande nostalgia, uma saudade tomava conta de Rapunzel, não era apenas a curiosidade de querer ver esse espetáculo de perto. No fundo, ela queria saber o significado da sua vida, descobrir o grande mistério. As luzes emitiam sempre um chamado, como a Gnosis sempre chama o que se perdeu, como a pré-reminiscência lateja em nossos corações.

Quando eles finalmente estão num barco, observando a festa das lanternas, a festa das luzes, é o momento quando a personalidade reconhece o Outro, o divino. E uma canção especial com letras muito elevadas indica claramente isso. Nesse momento encantado, José canta para Rapunzel:

“Tantos dias sonhando acordado
tantos anos vivendo a vida em vão
tanto tempo nunca enxergando
as coisas do jeito que são

Ela que é a luz das estrelas
com ela que vejo quem eu sou
ela que me faz sentir
que eu sei pra onde eu vou...

Vejo enfim a luz brilhar
já passou o nevoeiro
vejo enfim a luz brilhar
para o alto me conduz
e ela pode transformar
de uma vez o mundo inteiro.

Tudo agora é novo
pois agora eu vejo
é você a luz.

(desconheço a autoria)

Clau Srt

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixar um comentário